A aventura de Dra. Suzette no Santa Casa BH

Santa Casa, centro de BH, 9h30 da manhã. Terça ou sexta. De longe ouço os passos de pássaro no corredor. “Tu vens, tu vens Risoto, eu já escuto os teus sinais…”Ele vai bater na porta da salinha, onde nos arrumamos, com a delicadeza habitual: toc, toc, toc, toc, toc, igual a todos os dias. Vai me dizer “bom dia, Dra. Suzette” com um sorrisão. Ele vai colocar seu vestido. Pode ser aquele que eu acho bonito, que é o cinza, ou o outro que o pessoal gosta mais, dizem que é de São Francisco, de padre, ou que ele assaltou meu varal! Vai botar um chapéu na cabeça, vai me fazer um saravá, e vai se abrir para o jogo. Ele abre a porta e já bate a cabeça ali mesmo. Soluça. Chora. Eu pego ele no colo. Daí para a frente, ele topa tudo. “Risoto, vamos…”, eu tento perguntar, mas ele me corta e já diz sim!

Daí  por diante vamos juntos. Vamos juntos olhar um quarto e medir nossos passos. Vamos juntos permitir um ao outro que um de nós tome a frente, que um de nós acerte em cheio, que seja ótimo, engraçado, que erre. Lado a lado, também vamos passar por poucas e boas, vamos encontrar as crianças mais incríveis, propor os jogos mais surreais, compor as melhores e as piores paródias efêmeras da história, e vamos estar lá impotentes e o mais firmes possíveis! Quando alguém está indo embora,  E assim foi uma terça e uma sexta, e mais outra e mais cinco e mais 30 terças e sextas-feiras. Lembra que eu falei que dizia antes “Risoto, vamos…”? Agora, eu nem preciso dizer… Que delícia! Obrigada parceirinho por me mostrar todo dia a força da delicadeza e da calma. Foi um ano incrível!