A Girafa dos Alpes

Enquanto Dra. Brisa entrava no quarto, a Dra. Rolha de Cortiça ficava de fora, olhando pela janelinha da porta, mas não conseguia ver direito as três garotinhas que estavam no canto do apartamento.Dra. Brisa conversou com a garotinha do meio, que tinha o pescoço imobilizado e, depois de umas risadas, voltou para fora, dizendo: “Dra. Rolha, vá mais para trás, para ela te ver melhor!”- Aqui tá melhor?- Dra. Rolha, um pouco mais para trás!- Aqui tá melhor?- Dra. Rolha, vá mais para trás, para ela ver melhor!Então, Dra. Rolha arredou logo mais uns dez passos, até conseguir ângulo para ver as pequenas. Daí recomeçou o diálogo:- Pergunte a elas se eu posso mandar um beijo.- Não!- Então pergunte se eu posso mandar um abraço.- Não!- Então pergunte se eu posso mandar uma Girafa dos Alpes.- Pode!Mais que depressa, Dra. Rolha sacou caneta e receituário e desenhou uma linda Girafa dos Alpes. Dra. Brisa fez a entrega à pequena, que olhou o desenho como se estivesse de frente para a própria girafa. Todos riram.É interessante ver o hospital se transformar em castelos, vales ou supermercados… naquele momento, Dra. Rolha estava nos Alpes com a girafa, e a mocinha, em uma colina ainda mais distante.” As maneiras de nossa comunicação nem sempre são as mais tradicionais; muito pelo contrário! Mas o fato é que, mesmo por caminhos tortos, tentamos alguma forma de abrir uma porta, ou uma janela, ou um olhar… É promover um encontro, mesmo que no mundo dos sonhos, da imaginação ou dos desenhos de girafas dos Alpes!”

Janaina Morse (Dra. Brisa)