Avistamos um moço magro e alto, caminhando lentamente e suavemente com seu corpo todo enfaixado com apenas o rosto aparecendo. Vinha em nossa direção, lá do fundo de um dos tantos corredores do hospital João XXII. Nesse dia, eu tinha o violão e a Dra. Zabeinha como companheiras.
Quando encontramos frente a frente com o rapaz, ele olhou cheio de gosto para o violão e com pesar, mas com paixão, logo falou levantando os braços enfaixados:n— Se eu pudesse, eu tocava o violão.nNo ímpeto, peguei a viola e chamei em um galope a moda conhecida. O rapaz, claro, sabia cantar. O tom ele ia buscando, oitava acima, oitava a baixo, até segunda voz tentou fazer. Ele tinha uma voz caipira, voz de cantor sertanejo. Quando lembro dele, me vem a lembrança de um chão de terra batido, debaixo de uma varanda segurada por pilastras de madeira…. Mas naquele momento presente, o refrão ele cantava na primeira vez:n— Galopeeeeeeeeeeiraaaaaaaaaa…nEssa “galopeira” não é fácil nem para Zezé de Camargo e vai ser para o moço? Sua voz ia fraquejando seu corpo encurvando, mas ele não desistiu e chegada a hora da segunda galopeira ele cantou:n— Galopeeeeeeeeeeee…nRespirando, meio cansado, fraquejado, ele falou:n- Ai, tá bão!
Dra Rosa.
#PraTodosVerem: Dra. Rosa aparece no canto direito da imagem, com um violão e um chapéu de cowboy. De sua boca sai os dizeres “Galopeiraaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!”.