Mandioca ou Inhame

O fato aconteceu no dia 14 de novembro. Era uma manhã de quinta-feira. Dr. Durval e eu, Dr. Marmita, chegamos à ala feminina prontos para iniciar os atendimentos besteirológicos, quando começamos a executar o exame “cantarológico” com a música “Dona Aguida chegou, chegou, chegou com a mandioca… Para fazer a farinha, a farinha, farinha de tapioca”. Fomos interrompidos por um grito de guerra. Era ela, a destemida senhora Aguida. Estava sentada em sua poltrona. Seu olhar transbordava a energia de uma guerreira em fronte de batalha. Com sua bengala empunhada ao céu, ela olhou em nossos olhos e disse.

— Amanhã, 15 de novembro será o dia de lembrarmos como foi a proclamação da independência de nosso território. Pois há muito tempo, às margens do ipiranga, Dom pedro, montado em seu cavalo gritou: MANDIOCA OU INHAME. E assim se deu a nossa proclamação da república. Festejemos então, o dia da mandioca!

Quando ela terminou de falar, olhou para nós e disse:

— Shubla a música nesse violão doutor.

Analisamos, e diagnosticamos que ela estava muito bem, então continuamos o exame “cantarológico” de onde paramos. A diferença, é que continuamos com todas as idosas em festa, elas cantavam e dançavam em comemoração ao dia da mandioca. Foi assim que descobrimos o terrível erro posto nos livros de história. Independência ou morte que nada, o que Dom Pedro gritou foi: “Mandioca ou Inhame”.

 

Texto: Dr. Marmita (Rogério Gomes) Foto: Carol Reis