No quarto, tem bebês, e, ao lado dos leitos, como acompanhantes, suas mães. Próximo a porta de entrada do quarto, tinha um médico alto, bem grande, de rosto largo, com um cabelo volumoso meio penteado de lado, barba rala, jaleco branco, sentado de um jeito descolado. Dra. Rosa entrou primeiro e logo percebeu a presença do gigante, o médico bonitão e fez o comentário para as mães:
– Que gato!
Dr. Risoto, quando entrou no quarto, escutou o comentário e respondeu lisonjeado:
– Obrigado!
Neste dia, Dr. Risoto estava bem especial. Usava uma camisa listrada de cores branco e roxo, uma calça vermelha de algodão meio colada no corpo, que ia até a canela e deixava aparecer um par de meias também listradas. Um sapato maior que seus pés, um lenço branco de bolinhas vermelhas amarrada no pescoço, um chapéu coco e aquele famoso bigode.
Dra. Rosa disse para o Risoto que não era sobre ele que ela estava falando. O paspalho custou a entender quem era esse ser maravilhoso de que Rosa tanto falava. Passado o tempo de equívocos, finalmente Dr. Risoto percebe o médico bonitão e diz como se fosse uma coisa super banal:
– Ah, gente! É dele que vocês estão falando?
Dr. Risoto se aproxima e fica lado a lado do médico que tinha quase duas vezes o seu tamanho na altura e nas dimensões. E querendo mostrar que a diferença nem era grande assim, penteou o cabelo, ajeitou o corpo, desamassou a roupa com as mãos e deu aquele sorriso maroto. Era discrepante a diferença entre os dois, era um paradoxo, uma contradição, uma incongruência!
Todos riram, até Dra. Rosa riu. No final das contas, a certeza ingênua do Risoto de se achar tão bonito, fez com que ele ficasse lindo mesmo. Era bonito ao seu modo, era único! Na sua fragilidade, na sua beleza humana, todas e todos ali no quarto, se derreteram de amor.
Texto: Dra. Rosa (Daniela Rosa)
#PraTodosVerem Uma foto do Dr. Risoto, no corredor do Hospital Santa Casa BH, segurando um violão. Fim da descrição.