O Reino da menina de fita vermelha

Que toquem os clarins! Que rufem os tambores! Os doutores Suzette e Alfinete pedem licença para entrar no quarto da jovem rainha. Da porta eles a avistam. Ela tem uns 5 anos, e os besteirologistas logo perceberam sua realeza pelas fitas vermelhas cravejadas de diamantes que amarram seus longos cabelos castanhos. Alfinete quer entrar, mas Suzette tem vergonha de gente importante. A rainha também tem vergonha, não se sabe o porquê, já que Alfinete e Suzette têm pouca importância. As duas cobrem o rosto com a mão e riem, riem muito, tímidas. Suzette empaca na porta, e como Suzette demora, Alfinete toca o clarim de plástico vermelho que leva no bolso. Os doutores estão montados em seu cavalo invisível com cascos de coquinho, o animal se agita com a música e relinchando avança quarto adentro. Cavalgando nossos doutores avistam todo o reino: a comerciante que não aceita dinheiro, e cuja mãe dança funk com a Suzette, o garoto que admira pássaros, ri da periquita do Alfinete mas arrota se ela fala seu nome (todo o reino ri quando isso acontece), e no berço a princesa bebê da fita grande que prefere que o balão caia no chão ao invés de cair na mão. Desde o primeiro dia de trabalho no HC descobriram esse portal que leva para essa terra distante, e desde então passaram a visitar a rainha e seus súditos, sempre a cavalo. Hoje, havia um leito vago no reino, e como o cavalo já tinha subido 10 andares de escada, deixamos ele deitar na cama. Aconteceu tanta coisa, e o bicho estava tão cansado, que acabou ficando por lá. Esperamos que ele não atrapalhe o sono real com seus roncos “relinchantes”! E esperamos que nosso pangaré transparente ainda esteja por lá na quarta, porque a comerciante que não aceita dinheiro é boa de troca, e não custa ela barganhar nosso cavalo contra um pudim!

Texto escrito pela Dra. Suzette Marie

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