Dr. Mulambo Do Sertão, te respondendo, meu companheiro,
Sabe, o que sinto é que esse ano passou voando, mas que parece que aconteceu tanta coisa que não sei como coube nesse tempo até aqui. Esse 2018 pra mim, foi cheio de mudança (cê sabe) dumas barras chatas de viver. Teve dias de sair de casa de manhã com tristeza, mas no trabalho do hospital com você, tudo isso se transformar.
Mula, metaforicamente, eu sinto vontade de me jogar no abismo, de voar, de sair correndo confiante de peito aberto, com coragem. Todo dia me pergunto, por que não fui mais ousada?
Eu quero muito reconhecer que eu sou livre, Mula. Quero não importar com nenhum julgamento, nem meu, nem seu, nem de ninguém.
Aí vem essas coisas, de querer acertar, de querer fazer bem, de querer ser amada (pelo público, por você que é meu parceiro, etc). O dia a dia mostra que tem dia que é bão, tem dia que é ruim, tem dia que é mais ou menos, mas a gente tem é que estar em movimento. Então, cantamos umas modas pra chamar a poesia, remexemos e dançamos o corpo para libertar, compartilhamos nossa loucura com outros pra somar, pra aliviar, pra ser mais divertido, colocamos nossa imaginação (e das crianças e dos adultos) e os espaços se transformaram.
Eu te agradeço parceiro, por ser meu companheiro e meu apoio: nas minhas ousadias (sei que você sabe o quanto isso é importante pra mim). Por segurar o jogo quando não pude, quando fraquejei, quando fugi. Por quando quis ser amada ou por querer viver meus amores de pacientes e esquecer que você existia por algum tempo. Te agradeço até as “reiva” que você já fez ao me deixar pra trás, o que me ajuda a pensar formas de ser uma palhaça interessante!
Aí, começo a lembrar da meninada que a gente brincou nesse ano, dxs acompanhantes, dxs funcionárixs… Que ano cheio de encontro bonito, lindo, cheio de transformações, nesses seres e em mim!
Mula, eu te amo e eu sei que ocê sabe disso! E acho que a gente aprendeu muito a amar no hospital que sempre traz desafio e alegria! Encontrei naquele relatório após visitarmos o hospital com a cara limpa:
“Me veio a insegurança daquelas coisas que não sei ainda fazer ou que me boicoto. No parceiro novo, vejo o que não tenho e me inspiro. A coragem do Mulambo, a subversão, o ir para a luta até mesmo a briga… Assim, me desafio, a ir antes do Mulambo, a colocar ele em risco, a atrapalhar, a negar, a aceitar, a me expor, expor meu corpo, meu ridículo, minhas mazelas, meu amor… E por aí vai”
E por aí foi, Dr. Mulambo! O Caminho tava certo!
PS: Arrasou na música Trovoa, do Maurício, gosto dela demais!
Com cariñito,
Da Dra. Rosa, da Rosinha.