Boca de Balde

Eu vou falar. Eu não gosto de ficar falando dos outros, nem sei quem teve a ideia desta coluna. Boca de balde, boca grande. Ah não! Às vezes, de repente, sem querer, quando escapa da boca é o maior arrependimento. Na verdade, eu queria falar mesmo. Na verdade, eu até sabia que ia dar aquele mal estar, mas acabo falando, fazer o que? Não falar, né? Eu fico pensando o porquê fiquei falando dos outros. Eu não gosto. Tem dia que me preocupo com a vida alheia, tem dia que fulano é mais bonito, mais esperto, mais rico que eu,…

Galopeiraaaaaaaa!

Avistamos um moço magro e alto, caminhando lentamente e suavemente com seu corpo todo enfaixado com apenas o rosto aparecendo. Vinha em nossa direção, lá do fundo de um dos tantos corredores do hospital João XXII. Nesse dia, eu tinha o violão e a Dra. Zabeinha como companheiras. Quando encontramos frente a frente com o rapaz, ele olhou cheio de gosto para o violão e com pesar, mas com paixão, logo falou levantando os braços enfaixados:n— Se eu pudesse, eu tocava o violão.nNo ímpeto, peguei a viola e chamei em um galope a moda conhecida. O rapaz, claro, sabia cantar….

UM MERGULHO

Quem me ensinou a nadar? Foi, foi, foram as piabinhas da Ala A. Foi mesmo, e foi hoje de manhã! A Dra. Brisa me acompanhou nas visitas médicas e durante a realização de uma ultrassonografia de baixa frequência, para ornar com a estatura dos pacientes atendidos, detectamos um cardume próximo. Cinco ou seis “piabinhas” jovens, com idades entre 1 e 4 anos. Como a gente estava no fundo do mar, decidi produzir um pouco de espuma em forma de bolhas. As borbulhas se propagaram na água e atraíram o cardume, que veio correndo agitando os bracinhos, ou melhor, nadando sacudindo…

Bagagem

Foi tão rápido que parece que nem aconteceu. O coração tá cheio, cheio de memórias, emoções, imagens e histórias ecoando dentro de mim. O som da risada de três senhoras animadíssimas, que se dobravam de rir durante a apresentação na comunidade Quilombola do Sapé. Tal comunidade que ficou isolada por dois meses por conta da lama tóxica que destruiu a estrada que ia desde as suas casas até Brumadinho. Há apenas uma semana,  uma nova estrada foi feita, trazendo de volta o acesso ainda lamacento e uma nova ponte chamada “Ponte sobre o Rio Ferro”, que é no mínimo irônico….