UM MERGULHO

Quem me ensinou a nadar? Foi, foi, foram as piabinhas da Ala A. Foi mesmo, e foi hoje de manhã! A Dra. Brisa me acompanhou nas visitas médicas e durante a realização de uma ultrassonografia de baixa frequência, para ornar com a estatura dos pacientes atendidos, detectamos um cardume próximo. Cinco ou seis “piabinhas” jovens, com idades entre 1 e 4 anos. Como a gente estava no fundo do mar, decidi produzir um pouco de espuma em forma de bolhas. As borbulhas se propagaram na água e atraíram o cardume, que veio correndo agitando os bracinhos, ou melhor, nadando sacudindo…

Bagagem

Foi tão rápido que parece que nem aconteceu. O coração tá cheio, cheio de memórias, emoções, imagens e histórias ecoando dentro de mim. O som da risada de três senhoras animadíssimas, que se dobravam de rir durante a apresentação na comunidade Quilombola do Sapé. Tal comunidade que ficou isolada por dois meses por conta da lama tóxica que destruiu a estrada que ia desde as suas casas até Brumadinho. Há apenas uma semana,  uma nova estrada foi feita, trazendo de volta o acesso ainda lamacento e uma nova ponte chamada “Ponte sobre o Rio Ferro”, que é no mínimo irônico….

O que vive em nós?n

No primeiro dia de trabalho in loco do Projeto Brumadinho, uma parceria dos Palhaços Sem Fronteiras Brasil com o Instituto Hahaha, fizemos uma apresentação na praça da rodoviária de Brumadinho. Ontem, foram três ações: a primeira na Policlínica, a segunda na Comunidade de Córrego do Feijão e a terceira em Pires. Hoje, Aldeia Pataxó e acampamento MST em São Joaquim de Bicas. Ouvimos muitas histórias, tantas e tão dolorosas histórias que custo a acreditar que sejam reais. Fico aqui achando que tudo isso não passa de um filme, novela ou um grande pesadelo… só que não… e me apoio em…

Libélulas voadoras

Acabo de ver um helicóptero passar no alto! Dizem por aqui, vindo da boca de quem esteve, está e continuará apoiando atingidos, que um menino desenhou uma dessas libélulas voadoras e mandou para um bombeiro, pedindo que encontrasse o pai, e que dentro daquele saco, que também estava desenhado, o pai estaria vivo, dando “tiau” lá de cima. Desde que eu cheguei, foi o primeiro helicóptero que vi. Na hora, lembrei dessa história. Pensei sobre quais imagens essas crianças iriam formular e trazer consigo depois de tudo, tudo que talvez não passará. Uma outra guerreira, Fada, contou que tem um menino que…