Passou o carnaval

Carnaval é muito coisa! É um grito de que a vida também é festa. De longe se escuta o som do batuque, que cada vez se faz mais nítido, e ao mesmo tempo o de uma voz que diz: que absurdo, tantos problemas  no país e esse povo fazendo carnaval! De repente, uma massa alegre passa e escancara a verdade: a festa não depende da perfeição social, mas sim de uma riqueza de espírito. Se péssimas notícias e acontecimentos fossem motivos para não festejar o mundo só viveria em silêncio. Lá no hospital não é diferente, nem todas as notícias são boas, mas a…

As costuras de Dra. Brisa e Zabeinhan

É chegado o momento de nos despedirmos dos Joãos (Hospital João XXII e Hospital Infantil João XXIII). Para alguns, essa hora é uma tanto difícil, pois nos coloca frente a saudade, Até aqui, nos encontramos pelos corredores. Foram saias levantadas, bolhas pelo ar, cochilos em leitos desocupados, voos rasantes do blue, uma tropa de crianças nos corredores a nos seguir, pai, mãe, convite de aniversário, paradas, perdas, alívios, eleição, copa, decepção, alegria, sossego, dor, pizza de calabresa, leite, música, dança até o chão, paqueras ilimitadas e rabiola. Fomos impregnadas pela urgência dos Joãos. Somos uma equipe. Cada qual com sua função: o médico,…

Carta de despedida do Dr. Risoton

Quando eu chegar na porta do quartinho do terceiro andar da Santa Casa, na pediatria, vou me lembrar de muitos outros anos de trabalho do Instituto HAHAHA. E entrando no quarto, encontrarei Dra. Suzette. Ela, muito séria e comprometida, vai deixar a chave entravar a fechadura, ou mesmo enroscar o chaveiro no próprio cabelo. Ela vai encher-se de uma elegante vontade do dia, em tom apressado, e dizer um pouco das suas confusões verbais. Algo como: “Bom dia, Dr. Risoto, ontem eu trabalhei em três turnos. Preciso me vestir rápido. Nossa, você viu a notícia daquele candidato?! Adoro dias frios, ovo frito…

A aventura de Dra. Suzette no Santa Casa BH

Santa Casa, centro de BH, 9h30 da manhã. Terça ou sexta. De longe ouço os passos de pássaro no corredor. “Tu vens, tu vens Risoto, eu já escuto os teus sinais…”Ele vai bater na porta da salinha, onde nos arrumamos, com a delicadeza habitual: toc, toc, toc, toc, toc, igual a todos os dias. Vai me dizer “bom dia, Dra. Suzette” com um sorrisão. Ele vai colocar seu vestido. Pode ser aquele que eu acho bonito, que é o cinza, ou o outro que o pessoal gosta mais, dizem que é de São Francisco, de padre, ou que ele assaltou meu varal!…